Talvez você esteja lendo esta pergunta e se questionando: por que devo me preocupar com os meus dados pessoais? Eles realmente têm algum valor, para eu precisar protegê-los?
Calma, vou te responder a todas essas perguntas, mas, antes, preciso te explicar o que são dados pessoais e como eles estão presentes no nosso cotidiano. Acredito que você, leitor, já tenha preenchido alguma ficha de cadastro em uma loja, consultório médico, hospital ou até mesmo em uma farmácia, correto? Cotidianamente, estamos nos submetendo à coleta de nossos dados, e esses dados podem ser desde os mais básicos, como seu nome completo, endereço, data de nascimento, até os mais complexos como CPF, RG, orientação sexual, dados de saúde.
O tempo todo, nossos dados pessoais estão sendo exigidos, mas, você deve estar se perguntando: o que são dados pessoais? Conforme extraímos do dicionário Aurélio, dados pessoais são informações que identificam algo, alguém ou sobre si mesmo. Para a Lei Geral de Proteção de Dados, considera-se dado pessoal toda informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável.
Mas, por que nos últimos anos tem se dado tanta importância aos dados pessoais? O avanço da tecnologia e a proliferação da internet fizeram com que os dados pessoais se tornassem cada vez mais presentes em nossas interações diárias, tanto de forma presencial como online.
Hoje, fazemos compras online com muito mais frequência do que quatro ou cinco anos atrás. Hoje usamos muito mais as redes sociais e cada vez mais deixamos rastros digitais que contêm informações sobre nossas preferências, comportamentos e identidade. Portanto, é de suma importância adquirirmos uma consciência da importância de proteger nossos dados pessoais e cada vez mais adotarmos medidas de segurança para garantir que nossas informações permaneçam seguras e sob nosso controle, já que o mundo digital vive em constante evolução.
Agora que já temos clareza sobre o que são dados pessoais, vamos voltar às perguntas feitas no começo deste artigo e começar a respondê-las. A primeira pergunta que levei à reflexão dos leitores foi: por que devo me preocupar com os meus dados pessoais? E a resposta é que se eles caírem nas mãos de pessoas mal-intencionadas, você pode colocar em risco sua identidade, finanças, reputação e privacidade, e, a partir do momento que você toma medidas para proteger suas informações pessoais, você reduz os riscos a que está exposto pelo uso não consciente dos meios digitais.
A segunda pergunta que levei à reflexão dos leitores foi: os dados pessoais realmente têm algum valor, para eu precisar protegê-los? E a resposta é sim! E vou listar aqui as três principais razões pelas quais você precisa proteger seus dados pessoais:
1ª) Roubo de Identidade: Os nossos dados pessoais são tesouro nas mãos de pessoas mal-intencionadas, com informações básicas como nome completo, data de nascimento e CPF, elas podem usar essas informações para abrir contas fraudulentas em seu nome, fazer compras e até cometer crimes, causando prejuízos financeiros e até legais àqueles que têm seus dados comprometidos;
2ª) Privacidade e Autonomia: Quando você controla quem pode ter acesso e a forma como podem ter acesso às suas informações pessoais, você evita que terceiros usem desses dados para invadir sua privacidade, manipular ou influenciar suas decisões;
3ª) Reputação e Imagem: Dados pessoais não envolvem apenas informações sobre você, como seu nome, seu telefone, mas também abrange suas fotografias, vídeos ou qualquer outra representação visual que permita sua identificação, portanto, o vazamento desses dados pode ter consequências negativas de longo prazo em sua vida pessoal e profissional.
E, se você chegou até aqui, deve estar se perguntando, como faço para proteger os meus dados pessoais? Com pequenos ajustes em sua rotina, você consegue proteger seus dados pessoais e as dicas que eu posso te passar para facilitar esse processo são as seguintes:
1ª) Evite passar suas informações pessoais em público;
2ª) Mantenha seus documentos em locais seguros e, se precisar descartá-los, faça de forma segura, como triturando-os;
3ª) Em hipótese alguma, deixe senhas de banco e cartões, junto com os cartões, de preferência decore os números, mas, se for difícil, armazene em local que você pode proteger por senha;
4ª) Evite usar senhas óbvias, que utilizam data de nascimento ou sequências de números, opte sempre por criar senhas que sejam compostas por letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais;
5ª) Evite acessar e-mails suspeitos ou passar informações pessoais ou financeiras por telefone, certifique-se sempre da legitimidade do remetente ou do contato antes de repassar qualquer informação, o conselho é sempre desconfiar, opte sempre por ligar para seu contato de confiança nas empresas com as quais você mantém relação;
6ª) Revise suas configurações de privacidade regularmente;
7ª) Mantenha sempre seu dispositivo protegido por senha, aplicando a mesma regra de não usar senhas óbvias e padrões óbvios;
8ª) Tenha cuidado com suas conversas; evite passar informações pessoais no meio de pessoas estranhas;
9ª) Mantenha-se atualizado sobre golpes e fraudes;
10ª) Cuidado com as redes Wi-Fi públicas; nunca use informações financeiras conectadas neste tipo de rede, pois elas podem ser alvos de hackers. Com essas medidas simples, você consegue evitar muitas dores de cabeça. Lembre-se sempre de que a prevenção é a chave para manter seus dados pessoais seguros, tanto no mundo online quanto no offline.
Por: Ana Paula Silva OAB
Advogada, especialista em direito bancário e direito digital
Comments